Tempo de isolamento social pulsa a vontade de uma vida mais simples e cheia de significados. Arquiteta Carina Beduschi fortalece o desejo íntimo na vitrine da Sierra Móveis
Momentos mais calmos, uma rotina mais despretensiosa. O isolamento deixa reflexões de como vivenciar as minúcias do lar, o deslocar dos ponteiros, aproveitar a presença das pessoas amadas. O foco de vida olho no olho, no toque, no desenrolar solto do diálogo, sem telas de interface ou distâncias que separam.
“Não tem como desvencilhar o desejo por tranquilidade, paz, leveza nessas horas. Como a casa é território que nos dá essa possibilidade, pelo menos psicologicamente, o exercício de cultivar o nosso mundo diário traz satisfação de algo possível a fazer, de viver”, contextualiza a arquiteta Carina Beduschi, no espaço “Lar” assinado para a vitrine da Sierra Móveis de Florianópolis.
No living integrado à sala de jantar, a profissional se apega à sensação de liberdade da cena retratada no quadro “nome do artista?. As mulheres em dias de veranico sentadas à beira do mar no Rio de Janeiro, despertam um certo rompante de independência serena, nostalgia e descoberta.
“O quadro remete bastante à série do Netflix Coisa Linda, da década de 1950, embalada ao som de bossa, emancipação e novos sonhos urbanos. Estamos vivendo uma transição ainda sem definições, ritmo, o que temos é a vontade de viver, e viver melhor num todo”, associa.
O feminino pautou as escolhas do mobiliário com peças mais arredondadas, desenhos em curvas e detalhes leves, como os pés dourados que sustentam um generoso sofá. Ou mesmo de shape mais imponente como as poltronas cinza com espaldar alto. Sem regras de determinado estilo, a arquiteta se permitiu trabalhar com o conceito de fluidez, experimentar a criação sem reprodução de modismos ou ideia de ostentação.
“Busquei um layout fluido, com um estar confortável para vivenciar momentos de encontros, com um aparador generoso que funciona como bar e uma mesa redonda para refeições, peças de qualidade com ergonomia. Também estou cada vez mais interessada nas vegetações naturais. Por isso usei no espaço as costelas de adão (Monstera Deliciosa) em vasos de vidro, dinheiro em penca (Callisia Repens) e samambaias. Vegetação popular, de fácil acesso e de fácil manutenção”, pontua a arquiteta.